Mudanças climáticas: chuva forte causa mais mortes no Estado do Rio

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Situação é mais crítica em Petrópolis: 3 mortes e 2 desaparecimentos. Sobe para 26 o número de mortes pelas chuvas este ano no estado

O Estado do Rio de Janeiro já registrou, até a noite desta sexta-feira (22), quatro mortes por causa das chuvas intensas. Por sua topografia acidentada, a Região Serrana é a mais castigada pelos efeitos das mudanças climáticas no estado. Três pessoas morreram e pelo menos cinco estão desaparecidas em Petrópolis. A outra morte ocorreu em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos: um homem foi atingido por um raio no Pontal do Atalaia.

Com isso, passa para 26 o número de mortes por eventos climáticos em todo o estado desde o início deste ano, sendo seis em Petrópolis. No entanto, o número de vítimas ainda pode aumentar na cidade, onde já choveu mais de 270 milímetros em menos de 24 horas desde a madrugada de sexta-feira (22). No bairro Independência, os bombeiros buscam por duas vítimas de um desabamento – um homem de 25 anos e uma menina de quatro. Até o momento, quatro vítimas foram resgatadas com vida no local.

Quarenta militares especializados em salvamento em desastres e cães farejadores do canil do Corpo de Bombeiros estão empenhados para auxiliar nas buscas. A Defesa Civil informou que 75 dos 109 eventos registrados na cidade são relacionados a deslizamentos. Mais de 100 pessoas estão desabrigadas, segundo a Prefeitura de Petrópolis.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atendeu o pedido do governador Claudio Castro e enviou militares do Exército Brasileiro à cidade. “Entrei em contato com o presidente Lula e ele viabilizou o reforço. Agora o momento é de união para dar a segurança de toda população”, disse o governador, que chegou a Petrópolis na noite desta sexta-feira (23/3).

Desde a noite de quinta-feira (21.03), o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil foram acionados para o atendimento de 56 ocorrências relacionadas às chuvas em todo o Estado. Nilópolis, uma vítima foi resgatada com vida dos escombros de uma residência que desabou, na Rua Marechal Castelo Branco, no Centro. Eles atuaram em cortes de árvores, deslizamentos de terra, desabamentos e inundações, entre outros.

Estado teve mais de 760 mil pessoas afetadas pelas chuvas em 2024

Além de 26 mortes já confirmadas, mais de 760 mil pessoas já haviam sido afetadas em 46 das 92 municípios fluminenses, por conta de 92 eventos relacionados a chuvas intensas e enxurradas, segundo levantamento feito pelo Centro de Inteligência em Saúde (CIS-RJ) da SES-RJ .

As regiões mais atingidas foram: Centro Sul (com 8 municípios afetados), Metropolitana l (8), Serrana (8), Médio Paraíba (6), Baixada Litorânea (5), Noroeste (4), Metropolitana ll (3), Norte (2) e Baía da Ilha Grande (2). O monitoramento aponta ainda que 122 unidades públicas de saúde foram afetadas em diversos municípios, ocasionando perda de medicamentos e prejuízos no atendimento à população.

Os dados constam na plataforma Vigidesastres, desenvolvida pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), que reúne informações de desastres causados por eventos climáticos nos 92 municípios fluminenses e os danos causados.

Este foi o primeiro verão em que a secretaria contou com o auxílio da plataforma. Com risco iminente de grandes temporais, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) segue em monitoramento e atuação nas cidades que já foram afetadas por desastres naturais.

Obras evitaram tragédia maior, diz governador

A Região Serrana é a área mais vulnerável às chuvas no Estado do Rio de Janeiro. Em 2022, em Petrópolis, 242 pessoas morreram vítimas das chuvas, sendo 235 em fevereiro e sete em março, em uma segunda tempestade. Em três horas choveu o esperado para todo o mês de fevereiro, 258,6 milímetros.

Desta vez, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), foram registrados acumulados de 196 mm em 12h, quase o valor previsto para 24h de chuva e muito acima dos 124 milímetros previstos para todo o mês de março no Estado do Rio.  Com o grande volume de água, o acesso a Petrópolis foi interditado na BR-116 e várias ruas ficaram alagadas. Foi registrado também o transbordamento dos rios Quitandinha e Piabanha.

O governador destacou o investimento de R$ 1 bilhão em obras de infraestrutura em Petrópolis, como contenção de encostas e túnel extravasor, além da reconstrução de ruas e calçamentos em áreas afetadas pelas chuvas passadas.

“O governo do Estado concluiu e avançou em obras que estavam paradas desde 2011. Os trabalhos foram cruciais para que a tragédia não fosse maior. Nossas equipes atuam em todo o município para minimizar os impactos, com 85 máquinas para limpeza da área e retirada de escombros”, declarou Castro.

A Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos está entregando à cidade 232 colchões, 100 fardos de água, 200 kits de limpeza, 200 kits de higiene e 100 kits de enxoval. Para servir como pontos de apoio, duas escolas estaduais do bairro Independência estão sendo mantidas abertas para receber famílias desalojadas ou desabrigadas.

Saúde ativa Plano de Respostas às Chuvas Fortes

 

Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) informou que ativou seu plano de contingência e está em alerta máximo para atender à população e dar suporte a todos os municípios do estado que sejam impactados pelas fortes chuvas previstas para o final de semana. A secretaria separou kits com remédios e insumos para atendimento médico e disponibilizou uma frota com 11 picapes para assistência às cidades que solicitarem ajuda.

Também estão disponíveis mais de 30 mil frascos de hipoclorito de sódio (água sanitária) para envio aos municípios. O produto é utilizado para tornar a água potável, própria para o consumo humano, e é uma das primeiras necessidades de saúde da população após grandes temporais e enchentes.

A Secretaria realizou, na manhã desta sexta-feira (22/03), reunião de equipes para ativação do Plano de Respostas às Chuvas Fortes. O encontro teve a participação de profissionais de todas as áreas que atuam na linha de frente do atendimento aos municípios, entre eles representantes do SAMU-RJ e da área de assistência e Vigilância em Saúde. A SES-RJ organizou duas grandes equipes multidisciplinares, com médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistentes sociais.

No Centro de Inteligência em Saúde, localizado na sede da secretaria, no Rio Comprido, zona norte do Rio,  uma equipe do Centro de Informação Estratégica em Vigilância em Saúde (CIEVS) manterá plantão 24h por dia, para monitoramento de possíveis desastres e acionamento imediato de equipes de profissionais de saúde.

A SES-RJ também emitiu um alerta com orientações às secretarias municipais de saúde de todas as 92 cidades fluminenses sobre o armazenamento de insumos e vacinas, a fim de evitar eventuais perdas causadas por falta de energia ou enchentes.

70 ambulâncias do Samu de prontidão na capital

As ambulâncias da frota do Transporte Inter-Hospitalar, usadas para a transferência de pacientes entre unidades de saúde, também estão mobilizadas para apoiar os municípios. Médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem estão de prontidão caso haja necessidade de deslocamentos.

Na capital, todas as equipes e as 70 ambulâncias do SAMU estão de prontidão para atender aos chamados da população. O SAMU-RJ vai operar ainda com duas ambulâncias especiais, preparadas para ocorrências de extrema complexidade, como nos desastres causados pelas chuvas.

As unidades contam contam com estrutura móvel específica para a montagem de uma tenda no local, com insumos de atendimento médico para acesso venoso, cilindros portáteis de oxigênio, pranchas de transporte, colares cervicais, lonas para fazer triagem e tratamento das vítimas, cartões de triagem e identificação, lanternas, gerador com extensão e holofotes. Cada viatura tem capacidade de atender até dez pessoas simultaneamente.

“É importante lembrarmos que esta ocorrência climática chega em um momento em que estamos preparados, com tecnologia de monitoramento de ponta, estrutura de ambulâncias e profissionais com experiência em grandes desastres. Estamos de prontidão 24h por dia para atender a população em qualquer parte do estado”, afirmou a secretária de Estado de Saúde Claudia Mello.

O coronel Sérgio Simões, assessor especial para grandes eventos e responsável pela coordenação operacional das ações da secretaria, informou que o Samu-RJ hoje conta com duas ambulâncias especiais, equipadas para atender grandes desastres; além de motolâncias capazes de chegar a locais de mais difícil acesso. “Também contamos com uma frota de 45 ambulâncias para transporte inter-hospitalar, o que nos dá uma capacidade de resposta grande”, afirmou.

Doenças transmitidas pela lama e água contaminadas

Fotos: Maurício Bazilio (Divulgação SES-RJ)

De acordo com Silvia Carvalho, superintendente de Emergências em Saúde Pública da SES-RJ, outro ponto de atenção é o aumento no número de casos de doenças de veiculação hídrica, que são aquelas transmitidas por água e lama contaminadas.

“Essa preocupação é recorrente. São inúmeros os microrganismos que podem provocar adoecimento. Eles se manifestam diretamente através de enfermidades como leptospirose, doenças diarreicas, entre outras, e indiretamente, como a dengue, que se torna uma preocupação ainda maior, devido ao cenário epidêmico. São doenças sérias que, sem o manejo clínico adequado e no tempo oportuno, podem causar internações e óbitos”, alerta.

Para reduzir os impactos à população, a SES-RJ tem enviado vários insumos às cidades atingidas, desde hipoclorito de sódio (água sanitária) para purificação de água para consumo humano, até milhares de comprimidos e frascos de medicamentos – como antibióticos e analgésicos – além de materiais como luvas, cateteres, máscaras, seringas, agulhas, ataduras e soro.

De 1º de janeiro até esta sexta-feira (22/03), 12 municípios solicitaram apoio à SES-RJ: Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Belford Roxo, Mesquita, Nova Iguaçu, Nilópolis, Queimados, Paracambi, Mendes, Japeri, Engenheiro Paulo de Frontin e Barra do Piraí. 

Para agilizar a chegada da ajuda às cidades, a Secretaria mudou a logística de distribuição dos insumos e medicamentos. Antes, as retiradas eram feitas pelos gestores municipais na Coordenação Geral de Armazenagem da SES-RJ, em Niterói, Região Metropolitana. Após determinação da secretária Claudia Mello, os municípios que estiverem impossibilitados de locomoção e solicitarem os itens receberão o apoio em suas sedes.

“Colocamos toda frota da Secretaria à disposição dos municípios. Seja por via aérea, com a Superintendência de Operações Aéreas (SOAer), ou por via terrestre, com o Samu e as motolâncias, e os demais veículos oficiais. Todos estão aptos para atuar nessas ocorrências”, afirma a secretária.

46 municípios já foram atingidos por chuvas no estado este ano

Os municípios mais atingidos este ano pelas chuvas são: Engenheiro Paulo de Frontin, Magé e Vassouras (5 ocorrências em cada cidade), Japeri, Barra do Piraí, Barra Mansa e Teresópolis (4 cada uma), Mendes, Nova Iguaçu, Paracambi, Petrópolis e Rio de Janeiro (cada uma com 3); Mesquita, Miguel Pereira, Nilópolis, Niterói, Queimados, Resende, Rio Claro, Bom Jesus do Itabapoana, Santa Maria Madalena, Sapucaia, São Gonçalo e Volta Redonda (cada uma com 2).

Com um registro cada na estão as cidades de Angra dos Reis, Araruama, Areal, Armação dos Búzios, Belford Roxo, Bom Jardim, Cabo Frio, Duque de Caxias, Macaé, Macuco, Maricá, Paraty, Porciúncula, Quatis, Santo Antonio de Pádua, Saquarema, Silva Jardim, São João de Meriti, São Sebastião do Alto, Trajano de Moraes, Três Rios e Varre-Sai.

O Vigidesastres reúne informações sobre o tipo de evento climático que ocasionou desastres (chuva, enchente, inundação, deslizamento, vendaval, incêndios etc), o número de habitantes afetados, as áreas danificadas e os impactos na rede de saúde de cada localidade.

O levantamento da SES-RJ é feito através de um contato rotineiro e diário com as equipes municipais, além das visitas in loco. A avaliação dos planos de contingência de cada município também está disponível na ferramenta, bem como os sites utilizados para emissão dos alertas.

A partir da consolidação das informações, os dados são automatizados e atualizados diariamente num painel público chamado “Painel Informativo Vigidesastres”, disponível em monitorar.saude.rj.gov.br.

Entre os números do levantamento feito pela SES-RJ estão:

92 eventos adversos registrados;

46 municípios afetados;

32.464 desalojados;

848 desabrigados;

166 enfermos;

72 feridos;

22 óbitos;

768.937 pessoas afetadas;

20.663 unidades habitacionais afetadas;

122 unidades públicas de saúde danificadas;

115 instalações públicas de ensino danificadas;

65.362 mil frascos de hipoclorito de sódio enviados aos municípios solicitantes;

9 kits de calamidade com milhares de medicamentos e insumos enviados aos municípios solicitantes.

Com informações da SES-RJ e Gov-RJ

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