Projeção mostra declínio da economia do RS depois da enchente

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Segundo os economistas, o Estado estava em uma trajetória de crescimento no início de 2024, mas agora prevê-se uma retração de até 2%

A expectativa de crescimento econômico para o Rio Grande do Sul foi drasticamente revisada para baixo depois da enchente. A projeção mostra o declínio do aumento previsto de 3,5% nos próximos doze meses até abril para uma possível retração de até 2% até o final de dezembro.

A consultoria MB Associados atribui essa significativa mudança, de 5,5 pontos percentuais, à catástrofe que devastou a região no início deste mês.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, destacou que a economia do Estado estava em uma trajetória de crescimento no início do ano.

“O Rio Grande do Sul iniciou 2024 de maneira promissora em termos de atividade econômica”, disse Vale. “Estávamos a caminho de um ano muito positivo”.

Contudo, ele ressaltou que o impacto das enchentes foi severo, afetando não apenas o Estado gaúcho, mas também com potencial para desacelerar o PIB nacional.

“O Brasil teria um crescimento de 2% a 2,5% este ano, e o Rio Grande do Sul superaria esses números”, explicou o economista. “No entanto, a tragédia das enchentes representa um impacto significativo”.

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Métodos de cálculo das perdas

A consultoria também apontou as dificuldades em calcular as perdas econômicas imediatas após o desastre. Para suas estimativas, a MB utilizou dados de atividade econômica do Banco Central, por meio do IBCR, que oferece dados regionais, e do IBC-Br, que cobre o país inteiro, com informações disponíveis até fevereiro deste ano.

Em uma comparação, a MB Associados relacionou a situação do Rio Grande do Sul com os impactos devastadores do furacão Katrina, que atingiu Nova Orleans, nos EUA, em agosto de 2005. Naquela época, a economia da Louisiana sofreu uma queda de 5,5 pontos percentuais, caindo de um crescimento de 4% para uma retração de 1,5% no mesmo ano.

A duração e a intensidade das enchentes no Rio Grande do Sul, além das limitações fiscais do Brasil em comparação com os recursos disponíveis nos Estados Unidos para enfrentar o Katrina, foram levados em conta.

“Estamos diante de uma situação mais prolongada que o Katrina e com menos recursos disponíveis do que os Estados Unidos possuíam para enfrentar tal situação”, disse Vale.

Impacto na agricultura

O economista reiterou a importância do Rio Grande do Sul no cenário agrícola nacional. Vale apontou que o Estado é o maior produtor de arroz do país, além de ter uma produção significativa de milho, soja, carnes e leite.

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