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Cirurgia é um marco para a Medicina e esperança a milhares de pessoas que aguardam por um rim. São mais de 32 mil só no Brasil
O médico brasileiro Leonardo Riella está à frente do primeiro transplante de rim de um porco para um paciente humano vivo. A cirurgia inédita aconteceu no Massachussets General Hospital, em Boston (EUA), onde Riella atua como diretor médico de Transplante Renal. Em 2021, uma equipe médica de Nova York havia realizado um transplante semelhante, mas apenas como pesquisa – o paciente tinha tido morte cerebral.
“Toda semana, temos que retirar pacientes da lista de espera porque ficam muito doentes para fazer um transplante durante a diálise. A disponibilidade oportuna de um rim poderia dar a oportunidade a milhares de pessoas de obter um tratamento muito melhor para a insuficiência renal do que a diálise”, disse o médico, que é pesquisador da Universidade de Harvard e se emocionou com o sucesso do procedimento, anunciado nesta quinta-feira (21).
Xenotransplante pode substituir a hemodiálise, diz médico
O uso de órgãos de animais geneticamente modificados para transplantes em humanos não são novidade. Diversos centros de pesquisa pelo mundo – até mesmo no Brasil – estudam e já testam a tecnologia.
Entre os riscos, estão a rejeição do órgão transplantados, o crescimento indevido do órgão e até mesmo a transmissão de doenças. Nos xenotransplantes envolvendo porcos, os principais órgãos pesquisados são rins e coração.
O procedimento até o momento bem sucedido nos EUA ainda é experimental e não há qualquer perspectiva para que se torne usual e passe a ser empregado em outros países, inclusive no Brasil.
No entanto, o médico responsável pelo transplante inédito acredita que, embora não signifique a substituição do rim humano, o rim de porco pode ser mais um recurso para ajudar a salvar vidas.
“Um transplante com rim humano tem uma compatibilidade que vai ser impossível de melhorar. Mas existem pacientes que não têm acesso ao rim humano porque talvez porque não tenha um doador vivo ou acabaram de entrar na lista de espera. Nos Estados Unidos é o tempo de espera na lista que determina se você receberá”, explica o médico em entrevista à ‘Globonews’.
“A hemodiálise, infelizmente, não é um procedimento bom a longo prazo. Esses pacientes que não estão indo bem na diálise e que estão à espera de quatro a cinco anos por um transplante de doador falecido por quatro ou cinco anos poderia potencialmente receber um xenotransplante. Futuramente, poderia até ser uma ponte: em vez de o paciente entrar em diálise, ele insere esse xenotransplante até futuramente receber um rim humano”, explicou Dr Rielle.
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“Eu vi isso não apenas como uma forma de me ajudar, mas também como uma forma de dar esperança às milhares de pessoas que precisam de um transplante para sobreviver”, disse Slayman no comunicado por escrito divulgado pelo hospital.
3 mil pacientes morreram na fila sem receber órgão no Brasil
O Brasil é o quarto país em número absoluto de transplantes e fica, atrás, apenas dos Estados Unidos, China e Índia. Mas o acesso ao procedimento ainda é desigual. Em 2023, somente três estados realizaram transplante de pulmão, que foram o Rio, São Paulo e o Rio Grande do Sul. Foram poucos os locais que realizam transplante de coração. Na Região Norte, por exemplo, nenhum hospital realiza transplante cardíaco.
Menos burocracia na hora da doação de órgãos
Com informações da CNN e Ascom do TJ-RJ