Dengue: 1,5 milhão de casos e 391 mortes em 50 dias

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Outras 854 mortes estão em investigação até 11 de março no Brasil. Risco de morte é 8 vezes maior entre pessoas idosas

É impressionante como a epidemia de dengue acelera a cada dia. O Brasil já registrou 391 mortes por dengue de janeiro até esta segunda-feira (11) e há outras 854 mortes em investigação, conforme dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde. De acordo com o levantamento, os casos prováveis da doença chegaram a 1.538.183.

Até a última sexta-feira (8), quando os dados foram atualizados, o país contabilizava 1.342.086 casos de dengue e um coeficiente de incidência da doença de 660,9 casos para cada grupo de 100 mil habitantes.

Entre os casos prováveis, 55,5% são de mulheres e 44,5% de homens. A faixa etária dos 30 aos 39 anos segue respondendo pelo maior número de ocorrências de dengue no país, seguida pelo grupo de 40 a 49 anos e de 50 a 59 anos.

Risco de morte é 8 vezes maior entre pessoas idosas

Mais propensos a comorbidades e com a imunidade fragilizada, pessoas 60+ têm maior probabilidade de apresentar a forma mais grave de dengue. Mesmo que apenas 11% dos casos registrados sejam de infecções em idosos, eles correspondem a 50% das mortes decorrentes da doença no Brasil ao longo da última década.

Os dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde. Segundo a pesquisa, durante o período analisado (2014 a 2024), a taxa de mortalidade da dengue, embora geralmente considerada baixa, foi oito vezes maior entre os idosos. A comparação foi feita com pessoas com menos de 60 anos.

De 2014 a 2024, 9,5 milhões de casos de dengue foram registrados em pessoas de zero a 59 anos, resultando em um total de 3.211 óbitos. Entre os idosos, houve um número muito menor de casos (1,2 milhão de registros), porém o total de mortes chegou a 3.299. A taxa de letalidade foi de 0,03% no primeiro grupo e 0,27% no segundo.

Além disso, o risco de morte por dengue aumenta à medida que a idade avança. Nos pacientes com 80 anos ou mais, a taxa de letalidade chegou a 1,03%. Este grupo representou apenas 1,2% dos infectados, mas impressionantes 20,1% dos falecidos.

Epidemia nos estados

Minas Gerais continua liderando em número absoluto de casos prováveis (513.538) entre os estados. Em seguida, vêm São Paulo (285.134), Paraná (149.134) e o Distrito Federal (137.050).

Quando se considera o coeficiente de incidência, o Distrito Federal aparece em primeiro lugar, com 4.865 casos por 100 mil habitantes, seguido por Minas Gerais (2.500,3), Espírito Santo (1.490,2) e Paraná (1.303,3).

A explosão de casos de dengue fez com que pelo menos oito unidades da Federação decretassem emergência em saúde pública: Acre, Distrito Federal, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais. A medida facilita acesso a recursos federais e agiliza processos voltados ao combate da doença.

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Entenda os sintomas e quando procurar ajuda

Com um aumento expressivo no número de casos em todo o país, crescimento no número de mortes e criação de hospitais de campanha para atender os pacientes com casos da doença, a dengue vem se tornando uma preocupação cada vez maior por parte das autoridades de saúde.

Enquanto a ampla vacinação contra a dengue ainda deve estar restrita à rede privada de saúde, os especialistas dão mais detalhes e oferecem dicas sobre como tratar da doença e como se cuidar.

A infectologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Vanessa Truda, destaca que os sintomas podem variar muito. A doença pode se manifestar desde uma forma assintomática até formas mais graves com hemorragia e choque, até casos de óbito.

“Os sintomas mais frequentes são febre, dores musculares e dor de cabeça. Em menor escala, os sintomas mais reportados nos casos confirmados são náuseas e vômitos, dor nas costas, dor no fundo dos olhos, dores nas articulares e manchas vermelhas pelo corpo”, destaca ela.

Os sintomas geralmente aparecem entre 3 a 5 dias. Segundo a especialista, o primeiro sintoma é a febre alta de início repentino que pode durar de 2 a 7 dias. Além disso, pode estar acompanhada de dor de cabeça, dores no musculares e articulares, fraqueza, dor atrás dos olhos e erupções cutâneas.

“Após o declínio da febre (entre o 3º e 7º dia), a maioria dos casos evolui para a recuperação e cura da doença. Porém, algumas situações podem evoluir para as formas mais graves da doença, iniciado os sinais de alarme”, alerta.

De acordo com a médica, é necessário buscar assistência médica imediatamente na presença de sinais de alarme: aparecimento de manchas vermelhas na pele, sangramentos em mucosas (nariz, gengivas), dor abdominal intensa e contínua e vômitos persistentes. Por não haver um tratamento específico, o ideal é manter uma hidratação adequada e medicações para o controle dos sintomas.

“A recomendação para os casos sintomáticos leve é: repouso relativo, no período da febre; estímulo à ingestão de líquidos, administração de analgésicos como dipirona ou paracetamol em caso de dor ou febre; não utilizar AAS em casos suspeitos ou confirmados; observar atentamente os sinais de alarme e caso estejam presentes, buscar um serviço médico imediatamente”, finaliza Vanessa.

Cuidados especiais com idosos

As pessoas idosas enfrentam maior risco de morte por dengue devido à sua resposta imunológica enfraquecida e à presença de condições de saúde subjacentes. “Hipertensão, diabete e problemas cardíacos são mais prevalentes em pessoas com idade mais avançada. Com as comorbidades, pessoas idosas ficam mais propensas a sofrer complicações decorrentes da dengue”, afirma Antonio Leitão, gerente do Instituto de Longevidade MAG.

Mesmo diante de sintomas leves, para pessoas acima de 60 anos, é essencial buscar ajuda. Geralmente, é recomendado o monitoramento diário para detectar sinais de alarme e uma hidratação mais rigorosa. Consultar um médico sobre quais medicamentos de uso contínuo devem ser interrompidos também é importante para evitar o agravamento da condição.

Já na prevenção da infecção, as medidas destinadas aos idosos são as mesmas recomendadas para toda a população. A começar por eliminar possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti. Os idosos devem aplicar repelente em todo o corpo, especialmente durante os períodos de maior atividade do inseto (início da manhã e final da tarde). Preferencialmente, devem utilizar roupas que cubram a maioria do corpo. Use calças, camisas de manga longa e calçados fechados.

Com Assessorias

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