Dores do inverno: por que o reumatismo piora nos dias frios?

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Reumatologista e ortopedista explicam e dão dicas para reduzir as dores do inverno. Especialistas discutem inteligência artificial e avanços na Reumatologia

A hora de tirar os casacos e as roupas mais reforçadas do armário chegou. Dias frios também podem ser sinônimo de dores articulares e nas costas para muitas pessoas. Com a chegada de dias mais frios pessoas com reumatismo tendem a se preocupar, pois as dores corporais aumentam.

Alguns casos são mais comuns nessa época do ano como: artrose, lombalgia, tendinites, bursites, artrite idiopática juvenil, osteoporose, entre outras doenças. Segundo especialistas, não significa que a doença está piorando.

“Este fato ocorre devido às pessoas se encolherem, deixando os vasos mais estreitos, tendões e músculos contraídos, dificultando a sua movimentação”, explica a médica reumatologista Cláudia G. Schainberg.

As áreas mais afetadas no corpo são as mãos e pés que já têm uma temperatura baixa por si só. “Um dos meios para diminuir a dor é se agasalhando, evitando vento, tomando banhos mornos ou até mesmo quentes e realizando exercícios físicos”, recomenda a especialista.

A médica alerta que em casos de dores nas costas, febres constantes e anormalidade ou piora do estado físico o ideal é visitar o reumatologista, que irá avaliar e indicar os procedimentos corretos que devem ser seguidos.

Dores do inverno: por que as pessoas sentem mais dor nessa estação?

A relação da baixa temperatura com a dor ainda é controversa, já que pesquisas científicas sobre o tema divergem em suas conclusões e resultados. De acordo com o reumatologista Robert H. Shmerling, em estudo da Harvard Medical School, não há relação comprovada entre o clima e as dores de doenças como a artrite, por exemplo, apesar de serem frequentemente relatadas por pacientes em épocas mais geladas do ano.

O ortopedista do esporte, cirurgião e especialista em coluna Alexandre Guedes explica que as dores típicas do frio podem estar ligadas à constrição dos vasos sanguíneos, que reduzem o fluxo sanguíneo para as articulações e causam rigidez e dor. Além disso, as mudanças de pressão atmosférica que ocorrem durante as quedas de temperatura podem afetar as articulações sensíveis, levando a um aumento da dor.

De acordo com o especialista, outra possibilidade para explicar as dores de inverno pode estar relacionada à lubrificação das articulações. “O frio pode afetar a viscosidade do líquido sinovial, que é responsável por lubrificar as articulações e pode se tornar mais espesso nos dias de temperaturas baixas, dificultando o movimento e causando desconforto”.

Dores do inverno: seu corpo ‘sente’ a chegada de uma frente fria?

E para quem garante que consegue “prever” a chegada de uma frente fria por começar a sentir dores articulares, o Dr. Alexandre avisa que isso é muito mais um mito do que uma verdade científica comprovada. O que é verdade mesmo é que quem deixa de lado a prática de se exercitar no inverno tem mais chance de sentir dor.

“Muitas pessoas tendem a ficar mais sedentárias e menos ativas nesse período, o que pode levar a uma diminuição da flexibilidade, ao enfraquecimento dos músculos que suportam as articulações e, consequentemente, às dores”, esclarece o ortopedista.

Alexandre Guedes reforça que é sempre recomendável consultar um médico para avaliar e tratar qualquer dor persistente ou incapacitante, principalmente quando acompanhada de sintomas preocupantes, como febre, fraqueza, falta de ar ou alterações na função normal do corpo.

8 formas simples de amenizar as dores do inverno

Existem formas simples e efetivas de evitar que as incômodas dores apareçam e persistam. Alexandre Guedes aponta algumas delas para promover saúde e conforto, principalmente, no período de baixas temperaturas:

1 – Mantenha uma postura adequada durante as atividades diárias, evitando ficar sentado ou em pé por longos períodos sem descanso.

2 – Pratique exercícios físicos regularmente para fortalecer os músculos das costas e das articulações.

3 – Evite levantar objetos pesados de forma inadequada. Use técnicas corretas de levantamento e peça ajuda, se necessário.

4 – Utilize calçados adequados e confortáveis que ofereçam suporte para os pés e a coluna.

5 – Controle o peso corporal para reduzir a sobrecarga nas articulações.

6 – Adote uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes que promovam a saúde dos ossos e das articulações.

7 – Aqueça as articulações antes de atividades físicas intensas.

8 – Utilize técnicas de relaxamento e alongamento para aliviar a tensão muscular.

Dores do inverno: Afinal, o que são doenças reumáticas?

O termo “reumatismo” é usado para se referir às mais de 200 doenças que afetam articulações, ligamentos, esqueleto e músculos. As doenças reumáticas compõem um grupo de patologias que acometem o sistema musculoesquelético e já atingem mais de 15 milhões de brasileiros.

Entre as principais doenças reumáticas estão Artrite Reumatoide, Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), Osteoartrite, Espondiloartrites, Artrite Psoriásica, Lombalgia, Fibromialgia, Osteoporose, Gota, Febre Reumática e Vasculites.

Cada doença tem sua característica. A artrite reumatoide, por exemplo, ocorre quando há uma alteração do sistema imunológico, que ataca as articulações. Os sintomas mais comuns são: dor, calor e vermelhidão nas articulações, rigidez matinal, deformidade das articulações.

Algumas dessas são doenças autoimunes, podendo atingir vários órgãos internos como rins, pulmões, cérebro, coração e vasos, além de ossos e articulações. É o caso do Lúpus, que atinge mais frequentemente as mulheres.

Agenda Positiva

Reumatologia e os avanços da inteligência artificial

Especialistas em doenças reumatológicas escolheram justamente o mês de chegada do inverno para discutir estudos clínicos, pesquisas, novas diretrizes, recomendações e posicionamentos que irão atualizar o diagnóstico e o tratamento de doenças reumatológicas. Médicos, cientistas, pesquisadores e acadêmicos se reúnem entre os dias 29 de junho e 1° de julho, na cidade de São Paulo, para a I Jornada Sudeste de Reumatologia.

A expectativa é de que mais de 600 médicos participem do encontro, que reunirá palestrantes de renome nacional e internacional debatendo temas de interesse e as atualidades da especialidade, como Inteligência Artificial e ChatGPT com perspectivas e preocupações na profissão médica, Canabinoides na prática reumatológica e recomendações de vacinação em pacientes com doenças reumáticas imunomediadas (DRIM).

Outros temas em destaque são avanços na imagem na reumatologia, autoanticorpos e medicina de precisão, algoritmo de investigação de erros inatos da imunidade, atualização e desafios no manejo da Esclerose Sistêmica. Novidades sobre Vasculites, Síndrome de Sjögren, Artrite Reumatoide e Espondiloartrites também estarão em pauta. Discussões de casos, mesas redondas e cursos compõem a programação científica.

O evento é promovido pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) e a Sociedade Paulista de Reumatologia (SPR) com apoio das regionais do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e do Espírito Santo. Confira a programação completa pelo Link .

Centro de Infusão: segurança a pacientes reumatológicos no Rio

Reumatologia é a nova especialidade da Casa de Saúde São José, no Humaitá, zona sul do Rio de Janeiro, que agora pertence à rede de hospitais Santa Catarina. Com 60% de seus atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a São José agora conta com o atendimento de médicos reumatologistas no Centro Médico Santa Catarina – Humaitá, a sua unidade de consultórios.

Junto ao atendimento ambulatorial, a São José inaugura também o Centro de Infusão, no segundo andar do hospital, que vai atender pacientes de doenças autoimunes – muitas delas reumatológicas – que fazem uso de medicações imunobiológicas. Esses medicamentos podem ser administrados por via subcutânea ou endovenosa.

Equipes médica e de enfermagem ficam à disposição dos pacientes durante as aplicações, e dão as orientações necessárias. São três boxes para infusão, sala de repouso, consultório, sala de procedimentos e posto de enfermagem.

Para Victor Verztman, a unidade traz uma segurança para aqueles pacientes com doenças autoimunes que necessitam realizar o tratamento com imunobiológicos. “São medicamentos de alta tecnologia que são aplicados sob supervisão da equipe assistencial, garantindo todo o suporte em caso de intercorrências”, explica o reumatologista.

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