Servidores do curso de Letramento Racial participam de roteiro da herança africana
Na semana da Consciência Negra, celebrada em 20 de novembro, a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, marcou nesta sexta-feira (22), as atividades da primeira turma do curso de Letramento Racial, com uma visita técnica à região da Pequena África, no Rio de Janeiro, focado na influência cultural africana no Brasil. Outras atividades estão previstas para os participantes do curso, ainda este ano.
Vale lembrar, que recentemente em Macaé, o curso de Letramento Racial se tornou lei municipal com a realização para todos os servidores públicos municipais. A visita técnica foi marcada por reflexões, troca de experiências, emoção e conhecimentos quanto a fatos e locais históricos e de extrema importância para a ancestralidade e cultura afro.
A programação ministrada em parceria com o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN) contou com um roteiro específico, que destaca resistência e a potência dos negros no Brasil. Acompanhados pelo guia do instituto, Alexandre Cassiano, a visita abrangeu pontos como; Largo da Prainha na Rua Sacadura Cabral (onde está estátua de Mercedes Batista), Casa Escrivência, Beco João Inácio (onde viveu ícones como Hilário Jovino, Tia Ciata e Joana do Passarinho); Largo João da Baiana (com destaque para Heitor dos Prazeres e João Inácio); Pedra do Sal; Fundição Ferro e Bronze; Praça dos Estivadores; Jardim Suspenso do Valongo e, além Sitio Arqueológico Cais do Valongo em que houve um abraço coletivo ao baobá e Cais da Imperatriz.
Entre os momentos que comoveu e surpreendeu o grupo foi à frente da Casa da Tia Ciata (patrimônio imaterial), em que a bisneta Gracy Mary Moreira saudou os representantes de Macaé e esteve junto ao secretário de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Dorniê Matias e a coordenadora Geral de Ações Afirmativas da pasta, Yaisa Santos que a presentearam com uma camisa em alusão à Macaé- Cidade Antirracista e explicaram sobre o trabalho da pasta no município. “Tenho parentes em Macaé. Parabéns à cidade pelo curso e convido a todos para conhecer a casa de Hilária Batista de Almeida, Tia Ciata, sede da Organização dos Remanescentes da Tia Ciata (ORTC) e espaço cultural para manter viva a memória da nossa matriarca do samba”, explicou.
De acordo com o secretário de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Dorniê Matias a visita à Pequena África é o estudo técnico de campo sobre uma parte da história do povo negro no Brasil. A política pública antirracista é fomentada diariamente e na prática. Nossos servidores estão ainda mais capacitados para atender a nossa população. Conhecimento é libertador”, ressaltou.
Já a coordenadora Geral de Ações Afirmativas da pasta, Yaisa Santos, que também é professora do curso, destacou que nas aulas os participantes aprendem sobre conceitos fundamentais como racismo estrutural, identidade e valorização da diversidade. ”A visita à Pequena África complementa esse aprendizado, permitindo que eles vejam na prática as manifestações culturais, a arte e a gastronomia que são frutos dessa rica herança. Além disso, interagir com comunidades locais e ouvir suas histórias é um passo importante para fomentar o respeito e a empatia”, citou.
O secretário Dorniê Matias e Yaisa Santos complementam que “a experiência pode inspirar ações concretas em seus ambientes de trabalho e na sociedade, promovendo políticas de igualdade racial e inclusão. Ao compartilhar essa vivência com colegas e amigos, esses servidores se tornam agentes de mudança, contribuindo para um futuro mais justo e igualitário”.
O final do roteiro foi um dos mais impactantes, no Cemitério dos Pretos Novos, também conhecido como Memorial dos Pretos Novos, um sítio arqueológico e centro cultural situado no bairro da Gamboa. O casarão do século XVIII está no local onde funcionou, entre 1769 e 1830, um antigo cemitério de escravos com a descoberta de mais de 5 mil fragmentos arqueológicos. O espaço é administrado pelo Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos, que abrange um centro cultural com cursos e exposições.
Experiências positivas
A sexta-feira (22) contou com novos olhares e troca de conhecimentos, que foram motivos de elogios dos participantes do curso de Letramento Racial. Entre elas estava a servidora Andrea Pessanha “gratidão pela oportunidade de participar dessa visita técnica com tantos conhecimentos e informações relevantes”
Da mesma opinião é a funcionária pública Cynthia Freire “a visita técnica à Pequena África foi maravilhosa, uma oportunidade para os servidores de diversas secretarias aprenderem um pouco mais sobre a história do povo africano, de luta e resistência que tem uma contribuição inestimável para nossa cultura. A viagem trata-se de um mergulho nas raízes da cultura afro-brasileira. Os servidores têm a oportunidade de conhecer de perto a história dos seus antepassados, refletindo sobre a resistência e as contribuições dos povos africanos para a formação da identidade carioca e brasileira. Isso é crucial para promover uma conscientização sobre as injustiças históricas que ainda reverberam na sociedade atual.”
A educadora Silvia Maia, pontuou. “Um orgulho imenso em fazer parte desta primeira turma! Que oportunidade! Divisor de águas!”. Já a também servidora Paula Lourenço agradeceu a Yaisa Santos e ao secretário Dorniê Matias pela dedicação e pelo empenho em tornar este evento tão especial. “A primeira turma de Letramento Racial será um marco na história do município. Não nos consideramos os melhores, mas sim os pioneiros que disseminarão o conhecimento adquirido e as novas perspectivas desenvolvidas. A promoção da consciência crítica sobre as questões raciais, desconstruindo preconceitos e fomentando uma sociedade mais justa e igualitária foi sem dúvidas um grande ganho para cada um de nós”, finalizou.