Médico brasileiro faz 1º transplante de rim de porco para humano

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Cirurgia é um marco para a Medicina e esperança a milhares de pessoas que aguardam por um rim. São mais de 32 mil só no Brasil

Xenotransplante pode substituir a hemodiálise, diz médico

Primeira cirurgia de transplante de um rim de porco em uma pessoa viva (Foto: Divulgação / Massachussets General Hospital)

O uso de órgãos de animais geneticamente modificados para transplantes em humanos não são novidade. Diversos centros de pesquisa pelo mundo –  até mesmo no Brasil – estudam e já testam a tecnologia.

Entre os riscos, estão a rejeição do órgão transplantados, o crescimento indevido do órgão e até mesmo a transmissão de doenças. Nos xenotransplantes envolvendo porcos, os principais órgãos pesquisados são rins e coração.

O procedimento até o momento bem sucedido nos EUA ainda é experimental e não há qualquer perspectiva para que se torne usual e passe a ser empregado em outros países, inclusive no Brasil.

No entanto, o médico responsável pelo transplante inédito acredita que, embora não signifique a substituição do rim humano, o rim de porco pode ser mais um recurso para ajudar a salvar vidas.

“Um transplante com rim humano tem uma compatibilidade que vai ser impossível de melhorar. Mas existem pacientes que não têm acesso ao rim humano porque talvez porque não tenha um doador vivo ou acabaram de entrar na lista de espera. Nos Estados Unidos é o tempo de espera na lista que determina se você receberá”, explica o médico em entrevista à ‘Globonews’.
Ele explica que o xenotransplante pode, futuramente, se tornar uma alternativa à hemodiálise – procedimento pelo qual pacientes renais crônicos podem ter que passar para sobreviver, enquanto aguardam um transplante de rim humano.
“A hemodiálise, infelizmente, não é um procedimento bom a longo prazo. Esses pacientes que não estão indo bem na diálise e que estão à espera de quatro a cinco anos por um transplante de doador falecido por quatro ou cinco anos poderia potencialmente receber um xenotransplante. Futuramente, poderia até ser uma ponte: em vez de o paciente entrar em diálise, ele insere esse xenotransplante até futuramente receber um rim humano”, explicou Dr Rielle.

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Rim de porco funcionou e paciente de 62 anos passa bem

Segundo a equipe médica, o paciente foi operado no último sábado (16) e se recupera bem. De acordo com o médico, Rick Slayman, um homem de 62 anos, de Weymouth, Massachusetts, já está caminhando e deve receber alta em dois dias. O novo rim já funciona e ele já conseguiu urinar.
Rick foi diagnosticado com doença renal em estágio terminal. Ele era paciente do programa de transplantes do hospital há 11 anos e já havia recebido um em humano em 2018, depois de conviver com diabetes e pressão alta por muitos anos.
No entanto, esse rim transplantado começou a apresentar sinais de insuficiência cinco anos depois e Slayman retomou a diálise em 2023. Quando ele foi diagnosticado com doença renal terminal no ano passado, ele disse que seus médicos sugeriram que ele experimentasse um rim de porco

“Eu vi isso não apenas como uma forma de me ajudar, mas também como uma forma de dar esperança às milhares de pessoas que precisam de um transplante para sobreviver”, disse Slayman no comunicado por escrito divulgado pelo hospital.

3 mil pacientes morreram na fila sem receber órgão no Brasil

Depois do transplante de rim, outros órgãos mais demandados no Brasil – tanto por adultos, quanto por crianças – são fígado, coração e pulmão. No ano passado, a lista de espera por um novo órgão recebeu 42 mil pessoas e em torno de três mil pessoas vieram a morrer, sem receber a doação. Uma realidade que poderia mudar com mais transplantes de órgãos.
De cada 1.000 pessoas que morreram no país, no máximo 14,5% poderiam ser doadoras em morte encefálica, mas somente 2,6% tornaram-se doadoras. A principal barreira existente no Brasil para a doação é a recusa familiar. Em 2023, 42% das famílias recusaram a doação do órgão do ente falecido. A taxa de doadores é maior no Sul (36,5%), seguido do Sudeste (22,2%), Centro-Oeste (14,1%), Nordeste (13%) e Norte (7%).

O Brasil é o quarto país em número absoluto de transplantes e fica, atrás, apenas dos Estados Unidos, China e Índia. Mas o acesso ao procedimento ainda é desigual. Em 2023, somente três estados realizaram transplante de pulmão, que foram o Rio, São Paulo e o Rio Grande do Sul. Foram poucos os locais que realizam transplante de coração. Na Região Norte, por exemplo, nenhum hospital realiza transplante cardíaco.

Menos burocracia na hora da doação de órgãos

Para ajudar a aumentar o número de doações de órgãos, um convênio do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com os cartórios extrajudiciais vai desburocratizar a documentação que regula o procedimento quando ocorre um óbito. Um aplicativo no telefone celular vai permitir a certificação da documentação.
A novidade foi anunciada recentemente pelo corregedor nacional de Justiça e ministro do Superior Tribunal de Justiça, Luis Felipe Salomão, durante encontro com 23 presidentes de tribunais de Justiça no Rio de Janeiro. “Mais do que desburocratizar, a ação representa um ato de cidadania, estimula a doação de órgãos, e teremos outras vidas sendo salvas”, disse ele.

Com informações da CNN e Ascom do TJ-RJ

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